Os preços mais em conta dos leilões estão atraindo muita gente interessada em fazer bons negócios. A oportunidade pode estar nos produtos apreendidos pela Receita Federal ou em um imóvel penhorado pela Justiça do Trabalho.
Foi um lance de paciência e de sorte. O pintor automotivo João Marques de Oliveira, que vive de reformar carros antigos, arrematou um veículo com mais de 40 anos de uso, por R$ 3,5 mil, baratinho no leilão: “Um carro desse na mão de um particular hoje é em torno de R$ 8 mil do jeito que está. Restaurado é em torno de R$ 20 mil, então dá pra você ter uma margem de lucro boa. Dá trabalho, mas ninguém ganha dinheiro sem trabalhar”.
O interesse de pessoas físicas por leilões disparou em 2016. Os pregões da Receita Federal, que são feitos pela internet, registraram 45% de crescimento no número de inscritos de janeiro a agosto, comparando com todo o ano de 2015. Eletrônicos e bicicletas usadas em competição são muito procurados.
Os caçadores de oportunidade também baixam em peso nos leilões da Justiça do Trabalho, em Belo Horizonte. "A gente tem aqui galpões, prédios, casas, roupas, até urnas mortuárias a gente tem", conta o leiloeiro Marco Antônio de Oliveira.
Em um desses leilões, a Justiça autorizou que todos os bens sejam vendidos por, no mínimo, a metade do valor de avaliação, mas para saber se o negócio pode ser considerado uma pechincha mesmo, só depois da batida do martelo. É que no leilão, a lei da oferta e da procura pesa bastante. Quanto mais gente interessada em um item, menos interessante fica a compra.
“Você tem que ir preparado, pode começar com R$ 18 mil e passar para R$ 50 mil. É um jogo, você tanto pode ganhar como perder”, explica Wiliam Campos, funcionário público.
“Quem compra para utilizar o bem tem uma condição um pouco melhor, porque se precisar de algum tipo de reparo ou ajuste pode ser que você venha a gastar uma quantidade de dinheiro que, se fosse para revender, iria corroer toda a sua margem”, afirma Eduardo Coutinho, professor de finanças do Ibmec.
O aposentado Jorcelito Alves já faz a conta incluindo a comissão do leiloeiro, que aqui é de 5% para imóveis e 10% para bens móveis: “Eu trabalho em outro ramo, sou aposentado e tenho microempresa na área de usinagem. Vai dando um espaço assim pra não ficar parado, você investe daqui, investe dali”.
A leitura do edital é um passo considerado obrigatório e quem tem experiência nunca dá lance sem vistoriar o que pretende levar. “Dinheiro não aceita desaforo. Então, você tem que saber onde você põe ele”, alerta João.
Quem tem interesse em arrematar algum produto deve chegar ao leilão já sabendo o preço de mercado para na hora de dar o lance não pagar mais caro. A compra de eletrônico ou veículo, por exemplo, exige mais cuidado porque o produto pode não estar funcionando tão bem e a compra em leilão não permite troca.